Estádio Municipal de Leiria

29 Abr

(Depoimento Jornal de Leiria, 29 de Abril de 2011)

É do senso comum que o Estádio Municipal de Leiria é pouco apreciado pelos leirienses, que consideram que os milhões de euros utilizados nas obras de remodelação foram mal gastos. A União de Leiria queixa-se, também, que é aquele recinto o principal responsável pela pouca afluência aos jogos da equipa sénior de futebol. Na sua opinião, se Leiria tivesse um Estádio emblemático, como o de Braga, ou mais bem enquadrado com a envolvente, como em Coimbra ou Guimarães, a relação da cidade com o recinto seria diferente, ou os milhões gastos seriam sempre uma barreira?


Em meu entender, a fraca afluência aos jogos e o insucesso geral deste investimento pouco ou nada tem a ver com o recinto – que tem, na verdade, uma localização e acessibilidade excepcionais e cujas condições de funcionamento são idênticas às dos restantes estádios mais recentes.

A questão está antes nos pressupostos do programa que orientaram o seu projecto em 2003, designadamente a sua capacidade de utilização permanente, de 23.500 lugares (cerca de 20% da população de todo o Concelho ou 70% da população de Leiria e Marrazes!), conduzindo ao gigantismo da solução final e à sua problemática relação de escala com a encosta do Castelo, bem como na previsão a médio e longo prazo, então desprezada, dos custos associados à manutenção e gestão de um complexo desta dimensão numa cidade média – pressupostos estes que têm sido remetidos para um lugar secundário na discussão.

Não obstante, o enquadramento do Estádio na envolvente, tal como a redefinição dos usos e equipamentos, inicialmente previstos mas ainda por concretizar, é certamente uma questão central para a definição de uma solução, inadiável, para a situação actual e para a dinamização do edifício e da sua ligação à cidade – muito mais do que as questões formais ou de linguagem arquitectónica (que se esgotam geralmente num circuito fechado em si mesmo).

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